segunda-feira, setembro 13, 2004

PASSOS DIFÍCEIS



Ontem a minha princesa mais pequenina começou a andar. Telefonou-me a avó a contar, excitadíssima, inchada de orgulho. E não é para menos.
Tive oportunidade de presenciar os primeiros passos das irmãs mais velhas e, ainda que não sejam minhas filhas, é uma sensação indescritível. Parecida com a mesma que senti quando as vi pela primeira vez, pequenininhas, aconchegadinhas no colo de uma mãe exausta e feliz. E tão perfeitas. Não é por serem minhas (sobrinhas), mas parecia que nelas tudo vinha calculado a régua e esquadro, milímetro a milímetro. Lembro-me de ficar a admirar, meio que de longe, com medo de me aproximar. Eram tão frágeis... E lembro-me de chorar. Com todas elas. Senti-me sempre a tia mais Mãe à face da Terra.
Durante o último ano o meu orgulho de tia deu muitas vezes lugar a indagações perigosas. Ciclicamente, o meu relógio biológico diz-me que talvez eu já queira ser mais do que tia. Nos últimos tempos anda frenético, o sacana do relógio. Mas ainda não consegui perceber se isto me vem realmente de dentro. Ainda não consegui perceber se já tenho maturidade para ser mãe ou se ainda não passei da idade de brincar às mamãs.
E será que algum dia essa resposta surgirá com clareza?

Nas últimas semanas pude acompanhar as sucessivas tentativas da Constança de começar a andar, sem mãos grandes e sapudas a ampará-la. Quando vim para Lx ela já só precisava de um dedinho para se agarrar.
Ontem, a minha princesa mais pequenina começou a andar. E eu não estava lá para ver.

sábado, setembro 11, 2004

PELA BOCA MORRE O PEIXE

Então não é que vou voltar mesmo a estudar?
Então não é que me convenceram? Será possível que depois de tudo o que eu disse vou voltar a andar com caderninhos debaixo do braço, a tirar notinhas nas aulas e a estudá-las em casa? Pois é. Afinal o curso não é tãaooo prático como eu pensava, mas é muito bom na mesma.
O coordenador do curso que me entrevistou teve um peso grande na minha tomada de decisão. Não foi para lá com um discurso de inquisidor, nem tão pouco de propaganda. Foi conversar. Pareceu-me ser a serenidade em pessoa, com um ar paternalista, não no sentido autoritário, mas no sentido solidário. Muito observador...
Mas o que mais me cativou foi o ambiente da escola. Tem umas cores fortes e uma estrutura labiríntica. Parece uma mistura do Centre Pompidou com uma fábrica de bolachas (pelo menos aquela que visitei quando era miúda). As pessoas circulam frenéticas lá dentro, carregadas de cabos e k7s, e disparam perguntas umas às outras quando se cruzam pelos corredores que espero vir a compreender em Julho do próximo ano... Ao mesmo tempo que caminhava por ali e aquele lugar me era completamente estranho, tive a sensação de que daqui a uns meses já por ali vou deambular como se aquela fosse a minha escola.
A ber.

E POR FALAR EM NÃO TER MEDO DE SER RIDÍCULA...



Não é de muitas falas, mas pareceu-me ser uma boa pessoa, sem grandes manias de vedeta. Embora se veja que está bem na vida, a julgar pela fatiota.

SANS TITRE



Fiquei tanto tempo sem escrever que agora torna-se difícil falar de emoções que me parecem já tão distantes. Não que não tenham sido fortes. Apenas distantes.
Foram nove dias muito intensos. Primeiro porque andei mais nestas férias do que nos últimos dois anos e depois porque, uma vez que não viajava há muito tempo (quem me conhece sabe bem porquê), senti-me como uma criança nas suas primeiras descobertas.

Bruxelas ficou para mim como a capital da sofisticação bem educada. Uma miscelânea de culturas que resulta apenas por uma razão. É que, ao contrário de muitos lugares por esse mundo fora, lá eles entendem-se. E é bonita. Todas as pessoas que me disseram antes de eu viajar que Bruxelas é uma cidade feia ou são cegas ou não têm gostinho nenhum.

Paris...
Paris...
É difícil falar sobre Paris. As palavras não saiem. Enche-se o peito de um entusiasmo quente, os olhos abrem muito, esbracejo para me fazer entender. Mas não dá.
É mágica. Intemporal. Completamente cinematográfica.
Senti-me uma personagem de um filme francês a passear pelas ruas, com a banda sonora da Amélie na cabeça... e a música do reclame dos Finíssimos Nobre também (riam-se à vontade...). Tive que comprar uma bóina, embora não tenha visto nenhum parisiense de bóina. Era todo um imaginário que estava ali à mão de ser concretizado.
Meus amigos, se forem a Paris, sejam rídiculos e não tenham medo de abusar dos lugares-comuns: comprem bóinas, façam o vosso retrato em Monmartre, andem de carrossel, girem agarrados aos candeeiros dos Champs-Elysées, cantem Edith Piaf, Jacques Brel e Joe Dassin! A vida é feita destas piroseiras deliciosas! E quando chegarem cá vão ver que, por mais que tentem, não vos sai nada da boca quando perguntarem : "E Paris, que tal?"