segunda-feira, junho 28, 2004

PAPARAZZI DA VITÓRIA




E JÁ AGORA ESTIQUEM-SE BEM... ATÉ À FINAL



Mas com jeitinho... de preferência sem penalties.
Vamos tentar jogar à bola e resolver o assunto no máximo em 120 minutos. Mais do que isso não sei se terei disposição cardíaca para presenciar.
Força, Miúdos!

Nota: Esta chalaça do título ligado à foto em que os jogadores estão a fazer o aquecimento foi um bocado à Nuno Luz. Facto pelo qual peço desculpas. Não se volta a repetir.

terça-feira, junho 22, 2004

MATE-O VOCÊ MESMO

Você está ficando bom nisso, ela dizia. Eu estava mesmo. Eu estava mudando, armas mudam tudo. Antigamente, quando saía por aí, só olhava para os meus próprios pés. Não via a rua, as pessoas, o sol, as bancas de jornais, os anúncios, eu só via meus sapatos fodidos, via merda de cachorro, via pontas de cigarro, papel, tampa de refrigerante, lixo. Aprendi a andar depois que passei a usar armas. Esmagar calçadas. Aprendi a olhar para a frente, para dentro das pessoas, os neurónios, o fígado delas. Eu mudei, eu não era mais aquele homem do início. Eu era um matador.

Excerto de O Matador de Patrícia Melo

O que mais me fascina e simultaneamente desconcerta nesta autora é a dificuldade que ela manifesta em concretizar o destino que vai delineando para as suas personagens. Em todas as obras que li até ao momento destaca-se sempre uma personagem principal, forte, através da qual é narrada a história. À medida que a narrativa avança, vai-se desenhando o triste destino destes protagonistas, que acaba por nunca chegar. O livro termina sempre antes que o inevitável aconteça.
Talvez a Patrícia Melo tenha um horror incontornável a happy-endings, mas a verdade é que também não tem coragem de dar o golpe de misericórdia nas suas criações tão predestinadas à desgraça. Cabe-nos a nós dar a tacada final. Ou não. Deixar os destinos de Máiquel, Reizinho e do outro que agora não me lembro do nome suspensos, eternamente.

segunda-feira, junho 21, 2004

UM VERDADEIRO ILUMINADO



Depois destes dias todos a levarmos com a pressão espanhola e a sapiência do senhor Iñaki Saez, é com grande admiração que leio a sua teoria acerca da derrota espanhola:

«O nosso erro foi não marcar golos.»

Com tamanha clarividência, não percebo como é que a espanha não chegou à final...



ADIÓS, HERMANITOS!



É bem feita para aprenderem que os jogos não se ganham nos jornais nem nas conferências de imprensa. É bem feita para deixarem de pensar que somos o parente pobre da península. É bem feita para se deixaram de paternalismos e começarem a resolver as coisas dentro do campo.
Os cerca de oitocentos anos de História confirmam-no: aqui o quintal tem sempre uma palavra a dar quando nos declaram guerra.
Mas acima de tudo estou feliz pelo jogo que fizemos e pelo valor que demonstrámos. Daqui para a frente o que vier é lucro. Mas não escondo que gostava de festejar mais umas vitórias. Esta cidade anda em delírio. Nunca vi o centro histórico tão colorido e tão internacional como na última semana.
Venham os próximos!

Ah! E tu miga, sabes que moras no meu coração, mas vê se pelo menos amanhã não torces tão fervorosamente pela Inglaterra! Ou queres apanhá-los nos quartos de final?


sábado, junho 19, 2004

MARKETING RELIGIOSO

Hoje, pelo meio de um zapping, parei brevemente no programa Aliança Evangélica, n'A 2. E ainda bem que o fiz. Primeiro, porque me apercebi de que quem apresenta o programa é uma velha cara conhecida que tanto se impingiu que conseguiu entrar nesse tão cobiçado mundo que é a Televisão. Segundo, porque só a vi abrir a boca para dizer isto:

"E o programa fica hoje por aqui. Os telespectadores que nos acompanharam podem ligar para o número xxxxxxxxx e ficam automaticamente habilitados a ganhar uma nova edição do Novo Testamento, alusiva ao Euro 2004."

Confesso que fiquei, no mínimo, curiosa.
Ao que isto chegou...

quinta-feira, junho 17, 2004

UM CANTINHO DO CÉU

Finalmente fui à Luz. E só quem por lá passa tem noção do que um estádio destes pode provocar numa pessoa. É de uma imponência, de um misticismo... Não é à toa que o apelidam d' A Catedral. Pisá-lo é quase uma experiência religiosa.
Pena é que em termos de futebol a experiência foi pobre. Tive o azar de ficar no topo norte, logo, a segunda parte foi vista às apalpadelas. Para ajudar à festa, tive a infelicidade de ficar duas filas atrás de três atrasados mentais que estiveram o tempo quase todo de pé, desde as 17:30, a balançar de um lado para o outro, tipo coro alentejano. Filhos da puta.
Ainda assim o ambiente estava fantástico. À hora do apito inicial o estádio estava praticamente cheio e os pelinhos dos braços estavam bem arrepiados quando todos entoámos o hino.
Ainda não sei muito bem como me colocar relativamente às opções relâmpago do nosso seleccionador. Foi tudo no mínimo estranho. Mas, a verdade é que hoje vi jogadas como não via há muito tempo. É a prova de que eles funcionam. Ou que pelo menos sabem funcionar, se quiserem e se se convencerem de que podem.

SINAL + : os tomates do scolari - afinal, o Figo não tem uma cláusula de não substituição no seu contrato com os portugueses...

SINAL -: a crucificação do Cristo errado: não se penaliza um jogador como o Paulo Ferreira por ter errado uma vez na vida.

Enfim, valeu pela experiência que foi única e memorável.
Partilho aqui alguns dos momentos registados ao longo do dia. Não há fotos do jogo em si, porque, convenhamos, durante a partida não houve cabeça para as tirar...


Para quem tem curiosidade de saber como são os bilhetes:



São lindos.


Detalhe de uma obra prima




A praga alentejana




E adivinhem quem lá estava...?




A Luz a rebentar pelas costuras




As típicas lailais antes do início do jogo




E sessenta mil ao rubro




Domingo é a doer.

segunda-feira, junho 14, 2004

INSÓLITOS STO. ANTÓNIO

As festas do Santo António este ano estavam especialmente animadas e bastante internacionais. Croatas, ingleses, espanhóis e italianos. Entre outros.
E portugueses, muitos portugueses trajados a rigor. Os cachecóis e as bandeiras, insistentemente, vieram para as ruas e, volta e meia, lá se ouvia "Portugal" num coro ainda esperançado.
Claro que do ponto de vista comercial, a ocasião foi aproveitada ao máximo. Lá estavam as negociatas típicas da sardinha, da bifana, da cerveja, da fartura. Mas esta foi a que mais me surpreendeu...



Fiquei indignada com tamanho oportunismo e segui à minha vida.
Alguns copos mais tarde, a verdade é que a vontade de expelir a sangria se tornou bastante incomodativa e, como pela boca morre o peixe, lá recorremos nós àqueles chupistas que, em boa hora, tiveram tino comercial.
O que é certo é que estava tudo com vontade de abrir os cordões à bolsa, porque a fila ainda era grande.



Já no interior do prédio, apercebo-me de que se tratava de uma casa particular. Uma brasileira que aluga o rés-do-chão, sub-aluga desta feita o seu precioso WC.
À medida que avançava na fila, iam-se intensificando as conversas entre as mulheres que ali estavam. "Quem me dera ter uma pila!", gritava uma delas, prestes a urinar à borla.
À porta da famigerada casa-de-banho ficava um pequeno lounge, onde as impacientes utentes descansavam antes da sua vez.



A portageira (à esquerda) tinha um ar muito profissional e, vejam lá, até acedeu a tirar uma fotografia de grupo...



Melhor que o caricato da situação foi o alívio que senti no fim.
Foram os 50 cêntimos mais bem gastos da minha vida.
Enfim, para mais tarde recordar.

O AFOGAR DAS MÁGOAS



Depois do jogo, tinha uma jantarada combinada com os meus amigos-irmãos perto do Panteão Nacional. Eu e a minha companheira de todas as horas enfiámo-nos num taxi e lá fomos, em silêncio, como eu gosto nestas horas e como só ela sabe respeitar que assim seja.
O jantar foi animado, como seria de se esperar, e, à custa de muita sangria, lá me animei eu também.
Os Pequeninos são assim, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias das nossas vidas.

INSTANTES DECISIVOS



São momentos como estes que ficam cravados na memória de um adepto pelo resto da sua vida. São jogos como estes que nos fazem regressar à idade dos "porquês".
"Isto não se faz a uma nação". Foi o primeiro pensamento que me ocorreu no final do jogo. Fiquei triste. Decepcionada, confesso.
Mas ainda há muita bola para jogar. Vamos encarar este desaire não como uma derrota, mas como o adiar da vitória.
Gargantas afinadas.
Bandeiras hasteadas, penduradas e coladas com adesivos às janelas.
Orgulho nacional nos píncaros.
Os jogadores russos têm cara de estalo e vão levar uma coça.

E Figo, se me estiveres a ler, pendura as chuteiras. Pelo menos as portuguesas.

sábado, junho 12, 2004

FALTAM 14 HORAS

Fui convocada...



... e já estou equipada.



Por esta altura, a ansiedade é enorme. Não vos peço muito rapazes. Só que façam o vosso melhor que, no meu entender, é o melhor do Mundo.

sexta-feira, junho 11, 2004

COISA FEIA, A INVEJA



Acabei ontem de ler O Código Da Vinci, do escritor americano Dan Bown.
A controvérsia que se tem gerado em torno deste livro, se por um lado me dá náuseas, por outro deixa-me radiante, já que tudo o que é polémico se torna lucrativo. E este americano, a meu ver, merece bem as coroas que anda a arrecadar.
Estou-me nas tintas para a veracidade dos factos, para o rigor histórico e para as instituições que se sentem melindradas. O livro é bom, está muito bem escrito e empolga o leitor do início ao fim. E, não sendo inteiramente real, coloca muitas questões aos dois mil anos de cristianismo.

Diz o senhor F. Casavella, crítico espanhol, no El País, a 17.I.2004, que:

É o maior fiasco que este leitor teve entre mãos desde as novelas de quiosque dos anos setenta. (...) Não é que tenda para o grau zero da escrita. Nem que seja maçador, extenso onde não devia, com descrições pouco conseguidas e o introduzir de dados sobre esse interessantíssimo e originalíssimo mistério em torno do Santo Graal, Leonardo e a Opus. Também não é problema que repita esses dados em páginas contíguas para que até um hipotético ‘leitor parvo’ chegue a assimilá-los. Nem que escamoteie certos fundamentos do enredo do modo mais grosseiro até que resultem inúteis e então apareçam do modo mais tosco. Não importa que as frases sejam tontas, nem tontas as deduções de uns protagonistas de quem se refere a sua imensa inteligência, sem a descrever (…) Também se pode passar por alto que o autor não seja, ao fim e ao cabo, instruído.

Pode-se perdoar tudo, o que não se pode perdoar é que este romance seja promovido, e não só pelos canais publicitários convencionais, como um produto de certo valor. Para nos entendermos, Dan Brown e o seu código têm que ver com o romance popular o mesmo que Ed Wood com o cinema. (…) Não posso deixar de felicitar as editoras de todo o mundo que na devida altura recusaram a publicação desta infâmia e agora não se arrependem. É a prova que há um resto de dignidade, não só no mundo editorial, mas também no sistema mercantil.


Este remate, se não é de uma ingenuidade enternecedora é de uma lata desmedida.

Será importante talvez salientar que este senhor, para além de crítico, é escritor. Resta saber se o que o ofende tanto é a falta de qualidade no romance de Dan Brown ou os obscenos quinhentos mil examplares que foram vendidos em Espanha...





Numa palavra: esquizofrénico. Mas no mau sentido.

segunda-feira, junho 07, 2004

TÉDIO É O MEU NOME DO MEIO



Nunca pensei que o tempo que decidi ficar sem trabalhar custasse tanto a passar. Eu sei que daqui a uns meses me vou arrepender amargamente de ter escrito isto, mas até lá... Boredom, boredom, boredom...

quinta-feira, junho 03, 2004

EU VOU



Vou a Bruxelas. Vou a Bruges. Vou a Paris!
Quem me conhece bem sabe que são destinos que nunca me apelaram muito, mas de um dia para o outro decidi que não há outro lugar no mundo onde me apeteça mais passar férias este ano. Quero ir ao Louvre, ao Musée d'Orsay, ao Centre Pompidou, a Monmartre, a Saint Sulpice, aos Champs Elysées (au soleil, sous la pluie, à midi ou à minuit, il y a tout ce que vous voulez...), passear no Sena, ver o Mickey, a Mulan... à Torre Eiffel? Também pode ser! Vamos a isso!
Eu Vou!
... Borrar-me toda para entrar no avião...

quarta-feira, junho 02, 2004

AS INSUFIÇIÊNÇIAS DESTA ÇIDADE

Até há bem pouco tempo, os habitantes aqui do burgo andavam bastante insatisfeitos com o escasso número de salas de cinema de que a cidade dispunha: uma (anteriormente duas, mas a segunda foi vendida à Igreja Universal do Reino de Deus...).
Recentemente fomos brindados com o faustoso acréscimo de duas salas à nossa pequena frota cinematográfica e, tendo em conta as dimensões da metróplole, já não me parecia assim tão carenciada. Eis senão quando, ao desfolhar o jornal local para escolher qual dos três filmes em cartaz gostaria de ver esta semana, apercebo-me de que não havia grande opção. Ou ia ver "O Dia Depois de Amanhã", ou "O Dia Depois de Amanhã" ou ainda "O Dia Depois de Amanhã". Como podem imaginar, a escolha foi difícil.
Como se isto não chegasse, ainda na esperança de haver uma sessão especial de um qualquer filme que não "O Dia Depois de Amanhã", dirigi-me à sala do novo centro cultural da cidade. Eis o cartaz que lá estava afixado:



Para os mais distraídos, a pérola ampliada:



Chamo a isto organização e fartura cultural. Em quantidade e qualidade.